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domingo, 28 de julho de 2013

Uma escritura para viver mais

Heavy blues talvez fosse minha alma, assim como foi o ijexá, skank entre tantos outros pesares ilícitos. Era um 28 de julho perdido, véspera de provas e demandas acadêmicas. O que tem sido minha vida desde então? Trabalho, estudo, responsabilidade....cotidiano. Realmente não teria como ser uma pessoa normal, a bagunça era minha alma, não estudei para as benditas provas...

Cabelo desgrenhado, barba por fazer, camisa amarrotada e uma remela para contar histórias, assim amanheço, e assim sigo ao longo do dia, monótono, gago e sonâmbulo. 

Metade das coisas que sonhei provavelmente jamais serão realizadas, e se pelo menos um terço da outra metade tiver futuro, já terá sido uma vida até que bastante intensa!

Intensidade, o que vejo faltar. Padrões, estereótipos, vícios... Estamos repletos dessas coisas. Eu estou repleto disso, enfiado numa malha dentro de minha própria moral, culpando o cotidiano. 

É uma vergonha irônica as pessoas estarem tão tranquilas e bem dispostas a DAR sua liberdade e esperar o mesmo do outro. Uma vida de menos de um século, algumas nem chegando a meio ciclo, cuja maior parte é gasta fazendo coisas que não queremos fazer e que até, bem no fundo, sabemos estar errado. Está tudo errado, é visível, mas vivemos o erro e fazemos da agonia, pesar e tristeza, momentos de felicidade.

Minha consciência está fritada e nos meus dias eu passo mais dentro de mim do que nunca. São músicas, imagens, jogos. A indústria do imaginário, e o bom, sem capital direto. Os meus dias são passados dentro de mim...

Enquanto a vida que esperava gastar lá fora é esquecida e adiada. Compromissos que realmente desejaria estar presente, são adiados, prorrogados até, sei lá, o rio virar mar e o serrado, sertão.

Não pensar, sentir. Angústia, drama, dor, medo, são os que me fazem lembrar de estar vivo, a melancolia preenche minha alma, e só nela eu vivo. Por isso, heavy blues, a ilusão, a droga, o vício do que-me-faz-me-sentir-se. 

Mas a vida não se engana. Amanhã será como sempre foi, se não pior. Cobranças e pessoas chatas, aliás, achatadas. Vivem de uma dimensão, a versão simplificada das coisas, não tem volume, não são integráveis e vivem cheias de tangentes.

Minha boca estará trancafiada, meus ideais guardados em um porão escuro e mofado, e então me vitimizarei perante a justiça do mundo achatado. Naturais e inteiros, mas todos sabem,

Até os toscos sabem
Que no final, todos somos partidos: seja de esquerda, direita, revolucionários, cristãos ou agnósticos
A verdade que é uma verdadeira sopa de tudo isso, com um sabor de além disso. Quem terá culhões para provar-te entre tantas fantasias?

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