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sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Poesia de artesanato

Gabriela, Gabriela
será cravo ou canela?

A bem de mim talvez a queira

ao zombo,
os desencantos já ordenhados
se fazem azedados perto do seu cultivo

orquídia nenhuma se faz tão barata
sem causar grandes tormentos
mas perto de ti, em tua selvagem aquarela
são quase tão relés
quanto as mais putas do grajaux

meu tesão se faz mais barato
que um maço de cigarro
e minhas doces palavras
já não são tão belas como antes

por isso Gabriela
nada lhe ofereço
que brilhe como o seu sorriso
ou esvoace seus cabelos
bailando com seus cachos

apenas um feio improviso
de um mendingo poetivo
desperdiçado na madrugada
de uma sexta feira


quarta-feira, 21 de novembro de 2012

motivos para se ter motivos

o ipode quebra, não posso mais ouvir músicas
meus rascunhos de desenhos, não saem
nada que eu escrevo presta

voltei com o blog, ninguém olhou
dei boa tarde, ninguém respondeu
não dei boa tarde, vinheram as cobranças malcriosas
quando procuro alguém, ninguém está disposto
mantenho um excelente cuidado para não explodir, uns minutos de falha ninguém se dá o trabalho de saber o que há de errado
confesso problemas, ninguem se importa
começo a desenhar, ninguém me apoia
começo a tocar, ninguem me ouve
começo a falar, ninguém me escuta

enquanto eu ouço toda ibecilidade que todos sempre tem a falar
vejo todas as idiotices que sempre insistem a pintar
sacudo a cabeça à toda babaquice que ousam profanar
pois a vós,
vocês mesmos,
senhores e doutores,
donos do mundo e de suas verdades
, honéstissomos e honráveis amigos,
saudo-vos e digo: as favas!
vão para puta que os pariu

sábado, 17 de novembro de 2012

Meu eu

Eu quero um sentimento forte o suficiente para escrever, grande o bastante para revolucionar e quem sabe até um dia desenhar.  Cantar tão alto a ponto de me emocionar, e com as lágrimas compor uma bela canção. Rir-me com os amigos ao "teatrar" péssimas peças lúdicas. E acima de tudo, ter dentro de mim a inspiração que me faria um dia mudar o mundo

Casais de bibelô

são os casais de bibelô
esperando em vão
fazer dos seus amantes
o que se faria fácil
com um pouco
de diamante

Algorismos

Lá vinha ele todo desengonçado, cabelo despenteado e cadarço desamarrado.Poderia querer tantas coisas, mas sempre, quando a olhava, sua tensão o forçava a ser só mais um paradigma. Paradigmas! Isso azedava sua vida mais que veneno, após anos a fio abrindo mão de sua liberdade e ficando cada vez mais preso em paradigmas.... isso fazia sua revolta crescer. Haviam dias que já acordava querendo destruir as pessoas, o mundo, a si mesmo!! A insanidade se instala em qualquer um que vive sem ser a si mesmo!

Ah liberdade... tão cobiçada, tão quanto o beijo de uma mulher, o carinho do seu toque ou o mergulhar na água fria. O mundo é complicado e simples, se você filtrá-lo, sem tornar-se cego, poderá ver o que tanto procura, e tenha certeza, estará ali.

Mas não importa tudo o que ele fazia, a dedicação ao violão, o desapego à ideia academicista do ensino, os zilhões de horas que passou lendo livros, ou qualquer outra coisa que lhe fora importante algum dia, nada disso era o suficiente para que as pessoas finalmente o reconhecessem, lhe desse a sua almejada liberdade. Em vez disso acabou perdendo alguns amigos, perdeu alguns romances, viu muitos que ,por imaturidade, desprezava, tomar o seu lugar. Ele teria um diferencial, e um comodismo surreal para lhe compensar, nada é entregue de bandeja. O que poderia fazer? Onde iria? Já não havia mais tempo para devaneios!

Ele queria, ele desejava ser diferente, único, singular. E a cima de tudo, conseguir o exito da sua mais árdua missão: Se tornar a si mesmo. Poderia ser simples, deveria ser simples, mas assim não o era. A vida não lhe será fácil, nunca! E se ele quiser seu triunfo terá que lutar, terá que ser honesto e admitir todas as suas fraquezas, insanidades e manias tendenciantes aos vícios. Ele teria que ser honesto, mesmo se isso fizesse os pensados "leigos" se afastarem dele, e somente havia os "leigos" perto de si, ficaria só, temia isso. A Pesar de passar praticamente o dia todo em casa, só, temia o abandono das pessoas, por isso mentia, se escondia numa face que não era sua e que só o atrasava!

Estava cansado, triste. Apesar de tudo, ainda era um humano, uma criança! Queria viver romances, aprender a pedalar, à cair da bicicleta, mas alguns lhe parecia tão distante, será que não haveria ninguém naquele mundo além de sua própria matriz que o amasse? Por que isso? Será que era assim tão desinteressante? Não importava o que ele pensava e escrevia, por maior que pudesse se tornar seus textos?

Por quê? Por quê ninguém se interessava de verdade e conhece-lo? Era assim tão patético? Feio?
Não era compreensível, não, não; tão pouco verossímil... o que faria? Ele queria o beijo de uma garota, ele queria viver suas fantasias não importando o quanto juvenis elas poderiam ser, ele queria escrever ele repetidas vezes e ainda assim vencer a estética... O que era preciso para ganhar um beijo? Saber como calcular o volume de um tronco de uma pirâmide? Paixão pelas artes? Dedicação ao desenvolvimento de música, escrever, poetizar  O que?? O que seria nescessário? Uma boa dose de mentira e uma finta malandragem? Seriamos assim vazios? Não, não somos vazios... mas por quê então, por quê não haveria de conquistar suas paixões? O que o barrava? Por quê um texto que lhe parecia tão bom, no final é uma real desgraça? Não podia mais se enganar, tudo ia errado, estava a caminho de uma breve ruína, deveria lutar. Como conseguir a atenção dela? Como ter a chance de seu carinhoso afeto? Como ser visto por outros olhos? Como fazer com o que sentia saísse tão natural e relevante quanto sentia? Não sabia a resposta para tudo, na verdade não sabia nada!

mas como agora dizia a sua dialética: Quando não souber para onde ir, siga de ré...      
                                                                                                                                         [a maré]

daisie

Da sua janela, sempre tão bela
perdiasse  Lisbela
vendo o seu amor passar

na esperança de que
o seu olhar
fizesse por algum dia
uma  bela flor brotar

esperando
 talvez assim
que o fizesse ficar

na esperança de que algum dia
ele a voltasse a olhar