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domingo, 27 de dezembro de 2015

Liberdade e solidão

Não escutava bem as pessoas, era um sufoco conviver com alguém quando minhas otites atacavam. Meus ouvidos inflamavam, às vezes sentia dor, outras não. Por não bem entende-las, muitos pouco faziam pouco de mim, ironizavam minhas trapalheiras e me achavam até bobo por não dar atenção às mesmas coisas que elas davam.

Mas com o tempo, meus ouvidos já não podiam ser usados como desculpas, embora continuassem a inflamar. Com o tempo descobri a liberdade que somente existe quando se esta só, bem como sua gêmea solidão. O convívio revelara-se uma pressão crescente sobre meus ombros, e chegar em casa era aliviador. Contudo, aos que não descobriram a felicidade de serem elas mesmas, assim como eu não descobri, cedo ou tarde enfrentarão a solidão e a ansiedade de se estar só.

De repente, o que era tão libertador, começava a se tornar uma estranha prisão. Nada ser, nada querer. A ansiedade crescente que é se tornar inexistente. Já não tinha boas palavras para usar, não tinha sentimentos a desenhar, nem ideias que lutassem dentro de mim. E ao mesmo tempo, aprendi a apreciar o silêncio.

Passamos tanto tempo falando, desejando desesperadamente a atenção dos outros sobre nossas ideias, em um mundo onde nossas vidas se tornaram uma coletânea de fotos, postadas em redes sociais, com o secreto intuito de sermos apreciado e desejado pelo o que supostamente somos. Mas com que será que realmente sonhamos?

São tantas horas arrumando cabelos, usando boas roupas, perfumes, maquiagem, depilações e giletes. Sinto muito, mas é impossível, para mim, crer que tudo isso seja feita por satisfação própria. E ai de você, reles mortal, que não o faça! Qualquer fraquejo que dê, falarão por suas costas. Estamos vivendo em um reality show.

Então, no meio disso tudo, será que sei realmente quem eu sou? Tudo que faço tornou-se seguido por um inconveniente "por quê?". Nem meus desenhos, dos quais de repente comecei a postar fotos na internet, eram inocentes.

Não é a toa que estar só me parece tão libertador. Mesmo nos piores momentos de solidão, ao menos tenho certeza de que esta é verdadeira.  Talvez, todos nós sintamos essa solidão de sermos o vazio que somos, mas não tenhamos coragem de assumi-la.

E novamente me pergunto, quem sou eu no meio disso?

Eu não sei! Estou cansado de pensar sobre isso. Mas se você, caro aleatório, que me leu até aqui, lhe convido a pensar sobre o mesmo, se é que já não pensa!

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Vida vazia

me ocupa

e consigo traz solidão,

minha companhia.

e se mesmo tão longe

ainda sou o mesmo

tão longe estarei

onde quer que eu esteja.

podem fugir de suas tristezas

Mas essas são as únicas que me são verdadeiras

versos, quadros e quiçá canções

são as que cobrem e me confortam durante o sono

Meu mundo é escuro e empoeirado

Mas a noite o céu é sempre estrelado